Conheci o Zé numa madrugada de outono, na frente do Destination, a maior boate gay de Pequim. Ele vestia um boné da NASA e parecia um treinador pokémon. Carregava uma bolsa pra câmera e uma mochila nas costas. Magro, tinha acabado de sair do clube e falava pouco.
Conversamos sobre Pequim. Capital e tal. Na verdade, ele veio de Xi’an naquele final de semana pra visitar amigos. Que bom que nos encontramos. Senti que ele era um lugar diferente nessa estação. Ele me disse mais tarde que quase detestaria outonos se não pudesse andar caminhando por aí. Pensando nos graus negativos que estão prestes a rolar nas semanas que vêm (agora é inverno), a madrugada-Zé tava muito agradável. Decidimos andar pelo bairro enquanto a estação de trem não abria.
Sanlitun é a vizinhança da vida noturna chique por aqui. Alguns prédios muito luxuosos me fariam ter vergonha das roupas que eu visto se eu não tivesse um orgulho-pobre-brazuca. Chinesinhas hipermaquiadas compram de carrinhos de comida na calçada. Jovens de várias nacionalidades conversam no celular, bebem. Enquanto andávamos por essas ruas, um homem se aproximou de mim perguntando se eu era americano, se eu queria ensinar inglês. Falei que eu não era aquele lugar, não naquela madrugada.
O lugar que eu era tinha curiosidade. Descobri que o Zé tira fotos e escreve. Ama a dinastia Tang e estudar arquitetura por hobby. Não sabe nada sobre o Brasil. Foi diagnosticado com bipolaridade há um tempo. Quer trabalhar com jogos. Espero poder rever – ofereço. Sim – ele também. E se eu fizesse uma entrevista com você?
Por que não? A estação de trem abria agora. E eu não podia esperar pra ouvir mais sobre essa pessoa-outro que talvez treinasse mesmo pokémons e tivesse experiências siderais. Foi assim que essa entrevista aconteceu. Gravei com o celular.
Conversamos sobre Pequim. Capital e tal. Na verdade, ele veio de Xi’an naquele final de semana pra visitar amigos. Que bom que nos encontramos. Senti que ele era um lugar diferente nessa estação. Ele me disse mais tarde que quase detestaria outonos se não pudesse andar caminhando por aí. Pensando nos graus negativos que estão prestes a rolar nas semanas que vêm (agora é inverno), a madrugada-Zé tava muito agradável. Decidimos andar pelo bairro enquanto a estação de trem não abria.
Sanlitun é a vizinhança da vida noturna chique por aqui. Alguns prédios muito luxuosos me fariam ter vergonha das roupas que eu visto se eu não tivesse um orgulho-pobre-brazuca. Chinesinhas hipermaquiadas compram de carrinhos de comida na calçada. Jovens de várias nacionalidades conversam no celular, bebem. Enquanto andávamos por essas ruas, um homem se aproximou de mim perguntando se eu era americano, se eu queria ensinar inglês. Falei que eu não era aquele lugar, não naquela madrugada.
O lugar que eu era tinha curiosidade. Descobri que o Zé tira fotos e escreve. Ama a dinastia Tang e estudar arquitetura por hobby. Não sabe nada sobre o Brasil. Foi diagnosticado com bipolaridade há um tempo. Quer trabalhar com jogos. Espero poder rever – ofereço. Sim – ele também. E se eu fizesse uma entrevista com você?
Por que não? A estação de trem abria agora. E eu não podia esperar pra ouvir mais sobre essa pessoa-outro que talvez treinasse mesmo pokémons e tivesse experiências siderais. Foi assim que essa entrevista aconteceu. Gravei com o celular.