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2016
Início de setembro. Foi mais ou menos nessa época do ano passado que nos conhecemos, não? Vai fazer quase um ano desde a nossa primeira transa. Nos separamos mais ou menos dois meses depois. Ficamos de setembro a novembro assim, transando, encenando um relacionamento, dormindo juntos no colchão extra do teu apartamento. Lembro que o colocávamos no chão da sala de estar e, durante a noite, brincávamos de esfregar nossos paus um no outro, cuidando sempre pra não gemer muito alto porque não queríamos que os teus colegas de apartamento ouvissem.
Tínhamos uma brincadeira só nossa, lembras? O primeiro que gozasse deveria pagar a penitência de ser sujo pelo esperma do outro. Eu quase sempre perdia, e então tu te colocavas em cima de mim, apontando tua pica pro meu peito, até que o teu líquido jorrasse e eu fosse manchado no busto. Lembro que era bem quente.
O enunciado é a forma físico-linguística de uma ideia. Por isso, não consiste somente na frase, mas na frase falada - com data, local, locutor, interlocutor e propósito daquele. Não consiste também e somente no texto, mas no texto publicado - com igualmente data, local, autor e leitor e motivação daquele. O enunciado é um evento físico, temporal, linguístico, vivo e dinâmico.
Por isso, cada enunciado é único. Não há enunciados repetíveis, somente enunciados semelhantes. Não se pode repetir um enunciado por questões físicas. A localização no tempo-espaço é um fator determinante. Mesmo que um dia adquiramos a habilidade de voltar no tempo não há como re-enunciar algo, porque estar ciente da repetição do enunciado já interfere na própria enunciação.
Cada 'oi' proferido é um cumprimento completamente distinto, porque, apesar de envolver sempre o mesmo locutor (você), há diferentes interlocutores em locais e datas distintos com propósitos variantes e entonações e articulações físicas específicas. O 'oi' da sua vizinha ontem será diferente do 'oi' da sua vizinha hoje, que será diferente de todos os outros 'ois' que você receberá durante toda a sua vida - porque cada um deles será enunciado de maneira ímpar.
Cada enunciado é, repito, um evento físico-linguístico inigualável.
Ontem, na aula de Mandarim, perguntei ao meu professor como é a situação da carreira docente na China. É um assunto de meu interesse, dadas as condições salariais brasileiras (baixíssimas) e a minha atual desmotivação para com a licenciatura.
A resposta dele foi angustiante, como é de se esperar quando se fala de educação, escolarização e capitalismo: os professores chineses estão fodidos. Como nós, do Brasil. Segundo ele, não há quase instituições públicas de ensino, e o mercado é quem regula os salários da docência, achatando-os sempre que possível. Algo que pode acontecer no Brasil, com a proposta de privatização das universidades públicas que já circula nos grupos anarcocapitalistas. "O professor chinês ganha mal", diz ele "e para que ganhe bem, precisa ter uma carreira acadêmica excepcional - o que só se consegue lá pelos 50 anos de idade", adiciona.
Ainda, meu professor explica que há uma metáfora que exemplifica a nobreza (e também a tragédia) da profissão docente: "Falamos que o professor é uma vela, que se desgasta para iluminar o caminho dos outros". Ele protesta fortemente contra essa metáfora que supostamente enobreceria a profissão. Meu professor de chinês não quer ser professor quando voltar à China, ele não quer se sacrificar por outras pessoas. Ele quer ter a própria vida, e não que a profissão a tome de si.
Com isso, fico pensando: o quão perto estamos dessa metáfora desafortunada, aqui, no Brasil? Essa metáfora que justifica com o ato do autossacrifício as condições da profissão? Quantas vezes não nos deparamos com pessoas que consideram a docência um dom, uma profissão de inspiração, mas que não se importam com as qualidades de trabalho da classe docente (e inclusive culpam os professores pelos protestos e greves, afinal, "escolheram ganhar pouco")? O que aconteceria se as universidades públicas fossem extintas e perdêssemos os parâmetros de bons salários para professores?
Só consigo ser pessimista quanto a tudo isso. Ser professor no Brasil está muito próximo de ser como uma vela, que se fode, que se desgasta, para que outras pessoas enxerguem o caminho à frente. E isso seria mesmo lindo se não fosse trágico. Uma profissão nobre, de valor, que inspira e que faz diferença - tendo seu mérito jogado no lixo, em função da corrida do mercado que mina a educação brasileira.
Será mesmo que quero ser essa vela?
É incrível como a atmosfera de bibliotecas me entusiasma! Acho que são os livros, sei-lá... Só de pensar que eles estão ali, ao alcance, - veículos de informação, patrimônios do nosso (des)conhecimento acerca de quase tudo e, é claro, portadores de narrativas -, fico inspirado! Me dá vontade de ler tudo, me dá vontade de escrever bastante, me dá vontade de ficar sabendo de todas as coisas que já foram conhecidas pela humanidade...
Enfim, tenho uma queda por bibliotecas ~
E foi pensando nesses espaços que me cativam tanto que escrevi este post. Elenco aqui três das bibliotecas de que mais gosto em Porto Alegre.
De aparições diárias na TV a persona non grata do show business japonês em questão de semanas, o drama da queda de Rebecca Eri Ray Vaughan foi acompanhado apenas pela demonstração da forma severa com a qual o país trata suas artistas.
Até relatos recentes de seu caso virem à tona, Becky era um dos rostos mais populares da televisão japonesa. |
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